A Praça Getúlio Vargas

30 de janeiro de 2023 Off Por funes

A Praça Getúlio Vargas por José Romildo de Sousa.

Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 27/01/2023.

Por muito tempo, a Praça Getúlio Vargas foi palco de grandes eventos e comemorações. Pela sua beleza paisagística e arquitetônica, se tornou o “cartão-postal” das pessoas que a visitavam. Estes inesquecíveis momentos eram sempre registrados nos “instantâneos”, que permaneciam guardados com muito carinho por todos aqueles que tiveram a felicidade de serem nela fotografados; tendo inclusive, como pano de fundo, o seu belíssimo coreto. Infelizmente, este procedimento já não pode mais ser realizado, uma vez que o atraente coreto perdeu as suas características ao ser totalmente fechado, causado pela intervenção indevida em mais um dos importantes patrimônios histórico-cultural da Morada do Sol.

Registro feito logo após a inauguração da praça, em 1941, por Oscar Oliveira

Registro feito logo após a inauguração da praça, em 1941, por Oscar Oliveira

Inicialmente, a denominação do local onde hoje se encontra edificada a Praça Getúlio Vargas, até pelo seu formato, era de “triângulo”. E, existia apenas uma baixinha mureta que circundava toda a área onde a meninada daquele tempo gostava muito de correr e brincar. O nome oficial só veio a partir do Governo de Dr. Clóvis Satyro, que foi o idealizador da sua construção e consequentemente, o responsável pelo seu batismo. A esse respeito registra José Permínio Wanderley em seu livro Retalhos do Sertão: “(…) e atacou a construção da Praça Getúlio Vargas deixando todo o material pago e encostado no canteiro de obra”. Continuando, José Perminio Wanderley esclarece: “Neste ano (1940), o Dr. Rui Carneiro assume a interventoria da Paraíba e daqui saiu uma caravana que fazia oposição a Clóvis Sátyro, para entender-se com o novo interventor, acerca da prefeitura. Allyrio Meira Wanderley, fazendo parte da comissão, apresentou o nome do professor Pedro da Veiga Torres, para substituir Dr. Clóvis, sendo logo aceito por Rui Carneiro. Começou o professor com a clássica derrubada dos adversários para depois se empenhar a fundo na construção da Praça Getúlio Vargas, que deixou terminada…”

A inauguração da Praça deu-se exatamente em 19 de abril de 1941, com uma grande festa realizada nas suas dependências. A animação esteve a cargo da Filarmônica Municipal 26 de Julho, regida naquela oportunidade pelo maestro Severino Nunes, também conhecido por “Veneno”. Naquela noite, o motor da luz ficou ligado até altas horas. Seguindo o padrão das praças de antigamente, a Getúlio Vargas foi construída bem no centro da cidade, em formato triangular e toda circulada de pilares, com um bonito e trabalhado coreto que abrigava os frequentadores do concorrido bar ali existente, principalmente nas noites em que eram realizadas em suas dependências as serestas com a banda de música. Este bar teve em Vicente Queiroz seu primeiro arrendatário, passando depois por Jardineiro, Antônio Rodrigues, Antônio Moreno, João da Praça, Ibiapino e Zeca. Na verdade, um bar num ambiente público daquele deveria mesmo ser retirado. Entretanto, o coreto não merecia ser cercado, até mesmo porque tinha o poder de embelezar a praça.

Circulando o coreto, a pista de dança, onde na posse dos prefeitos, o baile agregava toda a população patoense e, o “frevo” e a animação era geral. A varanda que separava o largo da pracinha da parte arborizada, tinha antigamente em cada uma das pilastras externas, um candelabro, que se ramificava dando origem a três luminárias. E, entre uma e outra, se dava a entrada para o ambiente central. Inclusive, é bom salientar que toda a parte elétrica “embutida” da praça foi feita pelo eletricista Zé Tore, cunhado de Jovino da Luz.

Quanto à arborização, foi José Pereira de Lima “o jardineiro”, responsável pela implantação dos fícus benjamins, que era também um grande artista na arte de podar. Este pernambucano dava formas bem definidas às árvores existentes na praça, tornando-as cada vez mais belas e atraentes. Afonso Bacalhau, músico da Filarmônica 26 de julho foi, por quase três décadas, guarda do logradouro. Na década de 1960. Era muito comum Luiz Gonzaga vir a Patos fazer show. Após um deles, num dia de manhã, estando hospedado no hotel J.K. resolveu dar uma volta em frente do hotel, quando se deparou com o sanfoneiro Manoel Valadares que tomava umas e outras no coreto da Praça Getúlio Vargas, e “mandando brasa” com suas composições sertanejas. Gonzagão ficou muito impressionado com Valadares e o incentivou a continuar naquele caminho, que com o passar do tempo e com todo o seu talento, acrescentou o rei do baião, ele se tornaria um grande músico e compositor. Nesta praça, as mocinhas da década principalmente entre 1940 e 50, deram vazão aos seus sonhos dourados e não foram poucas as que encontraram nas inesquecíveis retretas e serenatas ali realizadas, o seu tão almejado príncipe encantado.