Odilon Nunes de Sá: poeta, repentista e cantador

Odilon Nunes de Sá: poeta, repentista e cantador

7 de novembro de 2022 Off Por funes

Odilon Nunes de Sá: poeta, repentista e cantador  por José Romildo de Sousa.

Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 26/08/2022.

 

Odilon Nunes de Sá foi um dos mais importantes nomes da poesia popular na Paraíba. Nasceu a 8 de dezembro de 1900, no sítio Riacho do Cipó, zona rural do antigo município de Patos, hoje, integrando o território de Santa Terezinha, Estado da Paraíba. Filho de Celso Nunes de Sá e Maria Nunes do Espírito Santo, ficou órfão de pai aos 13 anos de idade.

Ao lado da sua mãe teve que trabalhar muito no sítio deixado por seu genitor, para sustento da família. Por este motivo, não conseguiu avançar nos estudos, como ele mesmo afirmava: “Como criança de poucas condições financeiras, tive que me contentar com o quarto ano primário, cujo grau escolar representava uma grande conquista”.

A infância de Odilon foi toda ela vivida na zona rural, trabalhando na agricultura. Entretanto, teve o privilégio de logo cedo aprender a tocar concertina de 8 baixos, o que lhe propiciou um relevante destaque em toda a região das Espinharas. Mesmo assim, desde cedo, ele notou que a poesia era a manifestação com que mais ele se afinava.

Passou então, em 1936, a se apresentar nas feiras do Sertão paraibano. No ano seguinte, devido às dificuldades enfrentadas, deslocou-se para a Bahia, onde residiu por dois anos. Foi neste período que Odilon começou a se tornar conhecido como poeta dos versos cantados. Depois de passar três anos na Bahia, Odilon retornou a sua terra de origem e em 9 de novembro de 1939 casou-se com Maria Camboim Nunes de Sá, com quem teve 11 filhos: Natividade, Luís, Conceição, Celso, Moisés, Raimundo, Socorro, Fátima, Terezinha, Arimatéia e Geraldo, que faleceu quando ainda era criança.

Odilon Nunes participou de vários congressos de violeiros e festivais de poesia popular e programas nas Rádios Tabajara, em João Pessoa; Borborema, em Campina Grande; e Espinharas, de Patos; tendo inclusive, se apresentando em várias capitais. A exemplo de Natal, Curitiba, Fortaleza, Belém, Salvador e São Paulo.

Em 1954, participou de um festival junino realizado na sede social do Náutico Esporte Clube, em Recife, oportunidade em que foi muito aplaudido pela plateia, ao declamar algumas de suas belas composições. Retornou para a Bahia em 1960, onde passou uma temporada se apresentando em várias cidades do Estado.

Figura muito estimada em sua comunidade, Odilon chegou a ocupar o cargo de vereador na Câmara de Santa Terezinha e teve a sua esposa escolhida para concorrer ao cargo de vice-prefeita na chapa encabeçada pelo médico José Gayoso Filho, que foram eleitos para o período de 1997 a 2001. Odilon Nunes de Sá faleceu aos 16 de maio de 1997, na cidade de Patos, onde residia desde 1980. Na sua cultivada sextilha intitulada “Melhor Idade”, ele se reporta a este tema justificando a importância de se aproveitar a vida:“Acho graça a mocidade/Não querer envelhecer/Velho ninguém quer ficar/Novo ninguém quer morrer/ Sem ser velho ninguém vive/Bom é ser velho e viver”.

Durante a sua existência, Odilon Nunes de Sá, além de muitos folhetos de codel, também publicou três livros: ‘Detalhes de um poeta’; ‘Vida, destino e sorte’; ‘O silêncio e a poesia’.

Em 1995, o escritor cearense Solano Mota Alexandrino enfeixou toda sua produção poética em um volume intitulado de ‘Grandes momentos de Odilon Nunes de Sá’, tornando-a, assim, uma substanciosa antologia do autor. O lançamento desta obra ocorreu no Patos Tênis Clube, sendo o evento muito prestigiado e com sessão de autógrafos.

Outra iniciativa importante sobre a vida e a obra do inolvidável poeta foi a decisão dos seus familiares de reunir suas últimas produções no livro intitulado de ‘A pátria, o livro e a espada’. Em 1999, no Grande Encontro de Poetas e Repentistas, realizado em João Pessoa, de 30 de abril a 1º de maio, Odilon Nunes de Sá foi um dos homenageados e grande parte de sua produção poética foi inserida nos anais do evento, que teve como coordenador o poeta José de Sousa Dantas.

Odilon tinha a capacidade de ser um grande improvisador, onde a sensibilidade aflorava em suas produções poéticas. Era portador de uma inspiração notável e uma criatividade inesgotável, que lhe dava o poder de fazer rimas sobre os mais diversos temas. Estas importantes aptidões o levaram a se tornar um dos principais nomes da cantoria nordestina.