Patos na Guerra do Paraguai

Patos na Guerra do Paraguai

8 de novembro de 2022 Off Por funes

Patos na Guerra do Paraguai por Damião Lucena .

Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 16/09/2022.

 

O maior conflito armado, de caráter internacional, ocorrido na América do Sul, envolvendo o Paraguai e a Tríplice Aliança: Brasil, Argentina e Uruguai, no período compreendido entre dezembro de 1864 e março de 1870, teve uma participação ativa de combatentes da Vila Imperial dos Patos, um deles, transformado em herói nacional, Porfirio Higino da Costa, mas sem o reconhecimento devido da parte das autoridades.

O conflito seria declarado com a invasão da província brasileira de Mato Grosso, por ordem do presidente Paraguaio, Francisco Solano López, em resposta a uma intervenção armada do Brasil no uruguai, em 1863, que resultou na deposição do seu presidente, Atanásio Aguirre, e posse do seu rival, Venâncio Flores, aliado do Império brasileiro. Solano López temia a união de brasileiros e argentinos, com o objetivo de desmantelar os países menores do Cone Sul, cisma que o levou a aprisionar o vapor Marquês de Olinda, em 11 de novembro de 1864, na qual era conduzido o presidente da Província do Mato Grosso, Frederico Carneiro de Campos, que foi trancafiado até a morte.

Muitas são as contradições deste conflito que provocou a morte de um terço dos 150 mil homens enviados pelo Império do Brasil. Segundobpesquisadores renomados, a Tríplice Aliança escondia o interesse imperialista dos britânicos. A condição privilegiada do Paraguai, que não tinha dívida externa, não se inseria no analfabetismo e já havia libertado os seus escravos, além da tecnologia invejávele da construção da primeira ferrovia do seu continente, constituía um risco iminente para a economia britânica, da qual o Brasil importava grande parte de sua demanda.

Naquele período, a Vila Imperial dos Patos, que sofria com a estiagem, perversidade dos bandidos e abusos da polícia, não teve muita dificuldade em agenciar muitos homens dispostos à luta. Somente da Serra do Teixeira saíram mais de 50 voluntários. O agenciamento era confiado ao cônego Bernardo e o seu tio, Joaquim Porfírio (Quinca), que não hesitou em mandar os seus dois filhos, Manuel Romualdo da Costa (Manduri) e Porfírio Hygino da Costa. Sobre essas duas participações, escreveu Nelson Lustosa Cabral no livro Paisagens do Nordeste: “Papai Manduri e o irmão Porfírio (Hygino da Costa), foram ambos voluntários da Guerra do Paraguai, sendo que este último retornou às Espinharas com as honras de capitão honorário do Exército Brasileiro, por atos de bravura pessoal nas 52 batalhas e entreveros de que participou ativamente. Sua fé de ofício, das mais impressionantes, é a de um herói nacional que a pátria esqueceu! Já Manduri não chegou a entrar na luta, regressou doente de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.”

Porfírio Hygino da Costa nasceu aos 11 de janeiro de 1836, no sítio Queimadas, município de Patos, como filho de Joaquim Porfírio da Costa e de Domiciana Francisca da Silva, compondo a prole com os demais irmãos: Joana Maria da Conceição (mãe de Coriolano de Medeiros), Maria Dolores (Mãe de Nelson Lustosa Cabral), Vicente, Teófilo Roberto, Felicidade Perpetua, Francisca Sancha e Manuel Romualdo da Costa (Manduri). Integrante do grupo de voluntários da Guerra do Paraguai, inscrito no dia 3 de março, assentou praça em 20 de abril 1865, no 1º Batalhão, em João Pessoa, onde foi promovido a alferes. Saiu do convento do Carmo com destino ao Porto de Cabedelo na manhã de 6 de maio, de onde seguiu nas braçadas ao vapor Paraná, da Companhia Brasileira de Paquetes. Nove dias depois, após escala em Salvador, chegou ao Rio de Janeiro, para o recebimento de armamentos e uniformes. No dia 11 de junho, a bordo do vapor Oiapoque e, mais tarde, no transporte Imperador, chegaria a Montevidéu, de onde seguiram em direção à Concórdia, finalizando a linha no dia 27 de junho.

Com a extinção do 21º corpo de Voluntários, Porfírio da Costa se transferiu para o 11º batalhão e seguiu à cidade de Corrientes, na Argentina, tendo primeira participação efetiva nos campos de batalha no combate de Tuyuty, em maio de 1866, chegando a assumir o comando da 3ª companhia em 22 de setembro, função que exerceu até março de 1867, quando assumiu a 7ª e chegaria, posteriormente, a 8º companhia. Foi condecorado com o hábito da rosa e de Cristo, em 14 demarço. Em 5 de abril foi promovido a tenente em comissão e, em 3 de julho, a tenente ajudante.

 

(Continua na próxima semana)