Conselho de Cultura em movimento
11 de julho de 2025Conselho de Cultura em movimento por Roberta Livia Figueiredo.
Texto extraído da coluna FUNES do Jornal A União publicado na data de 11/07/2025.
A cidade de Serra Grande, encravada na serra do Vale do Piancó, virou palco de uma das mais relevantes reuniões do ano para a cultura da Paraíba: a 4ª Reunião Ordinária do Conselho Estadual de Política Cultural (Consecult-PB), realizada no dia 27 de junho do corrente ano. Entre mestres populares, artistas, produtores e representantes da Secretaria de Estado da Cultura, o evento não apenas simbolizou a escuta ativa dos territórios culturais, como reforçou a urgência da descentralização das políticas públicas para a promoção e desenvolvimento da cultura no estado da Paraíba.
Estive presente na reunião, representando a Fundação Ernani Satyro (Funes), e pude ver de perto cada fala, cada proposta. Digo com segurança, que ali estava presente a diversidade cultural do nosso estado em sua expressão mais concreta e democrática.
O município de Serra Grande acolheu os conselheiros culturais e os representantes da gestão pública em um ambiente de troca, memória e decisão. A cidade, já reconhecida por sua força simbólica e iniciativas comunitárias, demonstrou a vitalidade de sediar um conselho que debate o presente e o futuro da política cultural, com escuta sensível às necessidades de quem vive e produz arte no interior.
A reunião, transmitida ao vivo pela Secretaria de Cultura do Estado da Paraíba no canal oficial do YouTube, iniciou com leitura da ata anterior e apresentação da pauta, seguindo com os informes da gestão e a abertura ao diálogo com os segmentos culturais. Ali, no chão da reunião, não havia hierarquia de fala, mas uma escuta comprometida com o coletivo.
A reunião abordou questões práticas e estruturantes. Entre elas, a execução dos editais vigentes, os entraves burocráticos no repasse de recursos e o planejamento para os próximos editais, com foco em diversidade, acessibilidade e fortalecimento das redes locais. Um dos principais pontos foi a proposta de um novo edital voltado à circulação de feiras de cultura popular, valorizando saberes tradicionais e práticas comunitárias.
Também se debateu a criação de oficinas de capacitação para conselheiros e fazedores de cultura, reconhecendo que
a formação continuada é ferramenta essencial para garantir protagonismo social e gestão consciente nos territórios culturais. Foi bonito perceber a sede de aprender e participar que vinha de todos os cantos da sala.
O Conselho Estadual de Cultura, formado por membros do Poder Público e da sociedade civil, é instância de controle social e participação cidadã. A reunião em Serra Grande reafirma esse papel. Levar o conselho até cidades do interior rompe com a lógica centralizadora que há muito distancia a cultura dos espaços de poder. É sinal de que o Estado se reconhece plural, vivo e disposto a escutar nos espações em que antes só se falava de cima para baixo.
Nesse encontro, prestigiamos apresentações culturais de artistas locais, em um clima junino acolhedor, que, de forma muito organizada, acontecia nos intervalos de uma pauta e outra. Observei com atenção as manifestações culturais, enquanto os rostos dos artistas que dançavam e cantavam expressavam resistência e, principalmente, amor e fé na cultura como fonte de sua subsistência, em um futuro próximo.
Importância simbólica
Escolher Serra Grande como sede não foi acaso. A cidade tem se destacado por sua política cultural territorializada, suas ações de desenvolvimento cultural e pelo reconhecimento de artistas e grupos locais, além de suas celebrações enraizadas nas tradições do povo. Realizar aquela reunião foi reconhecer a cidade como um polo gerador de cultura e não apenas como consumidor dela.
Foram definidos encaminhamentos concretos: elaboração de relatório final com sugestões da plenária; previsão de novo edital até o segundo semestre; e retomada das formações presenciais com foco em inclusão, transparência e governança cultural. A próxima reunião já foi sinalizada para acontecer no próximo mês, de forma remota, com alternância entre territórios para as reuniões presenciais.
A condução firme e sensível da mesa merece registro especial. A presidência do Consecult-PB, sob responsabilidade
de Pedro Santos, que também exerce a função de secretário de Estado da Cultura da Paraíba, demonstrou comprometimento institucional e escuta ativa. Ao lado dele, a vice-presidente Thaís Cybelle e o secretário-geral André Costa, que esteve à frente da condução da reunião, garantiram o equilíbrio técnico, político e simbólico que esse encontro exigiu.
Em nome de todos os agentes culturais, agradecemos o empenho da mesa diretiva, que reafirmou o compromisso público com uma cultura plural, descentralizada e efetivamente participativa.