Raízes culturais e pontes para novos talentos

Raízes culturais e pontes para novos talentos por Alexandre Nobrega.

Texto extraído da coluna FUNES do Jornal A União publicado na data de 22/08/2025.

A música e a arte são vozes de identidade, memória e resistência. No Brasil, especialmente no Nordeste, as manifestações culturais carregam a força das raízes e, ao mesmo tempo, a capacidade de se reinventar. Da poesia rimada dos repentistas ao toque da zabumba, da delicadeza da renda de bilro à xilogravura popular, cada gesto artístico preserva histórias, valores e afetos que atravessam gerações.

Mas, se por um lado, a tradição mantém viva a essência cultural, por outro, a inovação abre caminhos para que novos talentos encontrem sua voz. Assim, música e arte funcionam como pontes, ligam o passado ao presente e, juntas, apontam para o futuro.

Toda comunidade se reconhece em seus símbolos. O forró, o maracatu, o cordel, o samba de roda ou o frevo não são apenas manifestações culturais; são narrativas coletivas que unem pessoas em torno de ritmos e imagens compartilhadas. Ao preservar e valorizar essas expressões, mantemos viva a memória de quem somos.

A música e a arte são patrimônios vivos: resistem ao tempo porque se reinventam constantemente. Preservar tradições e abrir espaço para novos talentos não são tarefas opostas, mas complementares. As raízes sustentam, as pontes levam adiante.

No cenário atual, tradição e modernidade não se opõem, mas se completam. Jovens músicos e artistas visuais dialogam com raízes culturais e criam novas linguagens. É possível ver o repente ganhando espaço em batalhas de rima, a xilogravura inspirando design contemporâneo ou o forró dialogando com a música eletrônica. Essas fusões não apenas ampliam o alcance da cultura, como também mostram sua capacidade de adaptação e reinvenção.

Inclusão
Valorizar a arte
significa garantir que
cada geração possa se
reconhecer no espelho
da cultura e, ao mesmo
tempo, projetar novos
horizontes

A música usada como ferramenta para ensino tem por objetivo incentivar o aprendizado de crianças e adultos, envolvendo as dimensões cognitiva, social e emocional. Não se limita a ser uma forma de arte, mas é também um importante recurso para facilitar a aprendizagem em diferentes áreas, promovendo a criatividade, a memória, a atenção, a comunicação e a apreciação artística, enquanto contribui para a cultura e o bem-estar pessoal.

A arte vem em similaridade com a música, no quesito educacional, através das telas, tintas e lápis, crianças e jovens
desenvolvem seu aprendizado de forma mais eficaz, através dos estímulos visuais, também promovendo a elas, estimulo a criatividade, memória, comunicação e interação social, visto que nossos projetos realizados nas escolas buscam também o trabalho em grupo para, assim, promover interação social nessas crianças e jovens, que, por vezes, tem seu conhecimento bloqueado por falta de incentivo ou estímulo próprio. O desafio está em valorizar esses talentos e garantir que eles não apenas se destaquem, mas também encontrem apoio para a consolidar suas trajetórias.

Mais do que entretenimento, a arte é também ferramenta de educação e cidadania. Projetos comunitários espalhados pelo Brasil mostram que oficinas de música, dança e artes visuais podem transformar realidades. Jovens que antes não tinham perspectiva encontram na cultura um caminho para desenvolver talentos, fortalecer autoestima e conquistar novas oportunidades. Nesse sentido, a arte é ponte para a vida em sociedade.

Valorizar a arte significa garantir que cada geração possa se reconhecer no espelho da cultura e, ao mesmo tempo, projetar novos horizontes. Porque, no fim, música e arte não apenas encantam, elas unem, educam e transformam. O acesso à arte aproxima os jovens da própria cultura e fortalece vínculos com suas raízes. Ao mesmo tempo, incentiva a inovação e a criatividade, habilidades cada vez mais valorizadas no mundo contemporâneo. Portanto, investir em música e arte como parte da educação não é luxo, mas necessidade. São caminhos que unem conhecimento, sensibilidade e cidadania, ajudando a formar jovens mais conscientes, criativos e preparados para transformar o futuro.

“O acesso à arte aproxima os jovens da própria cultura e fortalece vínculos com suas raízes”