Galinha caipira, orgulho sertanejo
21 de julho de 2025Galinha caipira, orgulho sertanejo por Anderson Alexandre Nóbrega.
Texto extraído da coluna FUNES do Jornal A União publicado na data de 18/07/2025.
A cultura de um povo se expressa através de atos simples, das narrativas compartilhadas ao redor do fogo e dos sabores que se transmitiram através das gerações. Na região do Sertão paraibano, a galinha caipira não serve apenas como alimento: é um símbolo de carinho, de lembranças familiares e de perseverança. Em Santa Gertrudes, cidade marcada pela força de sua gente e pela preservação de suas raízes, o Festival Gastronômico da Galinha surge como um importante movimento de valorização cultural.
No Sertão paraibano, a galinha caipira ocupa um lugar de destaque na mesa e no imaginário popular. Criada de maneira tradicional, alimentada de forma natural e temperada com ervas caseiras, ela representa a essência da culinária sertaneja, repleta de sabor, cuidado no preparo e uma conexão emocional com a comida.
Em Santa Gertrudes, esse prato transcende a dimensão alimentar. Ele carrega consigo histórias de famílias, festas religiosas, reuniões comunitárias e almoços de domingo que atravessam gerações. A tradição de preparar a galinha “no capricho”, com pirão, arroz da terra e macaxeira, não é apenas uma prática culinária, mas um rito cultural que une saberes ancestrais e identidades locais
A culinária sertaneja, com seus pratos repletos de história, é um exemplo claro de patrimônio cultural imaterial. Segundo definição do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2010, patrimônios imateriais incluem práticas, saberes e expressões que fazem parte da cultura de um povo e necessitam de preservação. Em Santa Gertrudes, a galinha caipira representa precisamente isso: um saber ancestral que atravessa as épocas.
Durante o festival, as receitas tradicionais ganham destaque. O festival funciona como uma ferramenta de preservação cultural, estimulando o reconhecimento da gastronomia regional como parte essencial da identidade local. Mais do que uma festa, trata-se de um espaço de valorização do saber popular
Valorização cultural
O Festival da Galinha não se resume apenas a culinária é um evento cultural completo, que reúne música regional, artesanato, apresentações culturais, desfiles, concursos culinários e manifestações religiosas. Esse conjunto fortalece os laços comunitários e promove o orgulho de ser sertanejo.
O evento, este ano em questão, contará com um novo espaço com mais de 5.600m2, gerando à população mais conforto e segurança. A área voltada para a alimentação consequentemente aumentou o seu espaço dedicado aos pratos típicos nordestinos.
Produtores de galinha caipira, feirantes, donos de restaurantes e barracas têm aumento na renda e na visibilidade de seus produtos. Há também o fortalecimento da agricultura familiar, já que muitos ingredientes utilizados nas receitas vêm diretamente das comunidades rurais da região. O festival envolverá mais de 30 comerciantes locais, numero 20% maior tendo em vista o ano anterior, reforçando assim o aumento da repercussão econômica na região.
O festival vai além de uma festa, é uma celebração da memória, da identidade e do orgulho do povo sertanejo. Ao colocar a galinha caipira como estrela do palco, o evento dá voz a um povo que, com suas mãos calejadas e suas receitas cheias de afeto e tradição, mantém viva uma cultura rica, afetiva e resistente do nosso Nordeste. A galinha então como símbolo do Sertão, torna-se, um elo entre o passado, o presente e o futuro da cultura local, e o festival vem afirmando e mantendo firme esse símbolo tão amado que é a nossa galinha de capoeira.
Promover esse festival significa a promoção e o respeito às raízes, o fortalecimento da economia local e a valorização do que é nosso. Em tempos de globalização e padronização cultural, Santa Gertrudes mostra que o sabor do Sertão tem força, história e futuro.