Coriolano de Medeiros: o patoense que historiou a PB

Coriolano de Medeiros: o patoense que historiou a PB

9 de novembro de 2022 Off Por funes

Coriolano de Medeiros: o patoense que historiou a PB  por José Romildo de Sousa.

Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 28/10/2022.

 

A justificativa sobre o título desta resenha – Coriolano de Medeiros: o patoense que historiou a Paraíba – reporta-se à substanciosa pesquisa que o historiador da “Morada do Sol” realizou nos municípios paraibanos, registrando a evolução histórica de 2/3 deles, no seu livro Dicionário Corográfico do Estado da Paraíba, publicado em 1914.

João Rodrigues Coriolano de Medeiros nasceu a 30 de novembro de 1875, numa terça-feira, no lugar Várzea das Ovelhas, localizado às margens do Riacho Cipó, no sopé da Borborema, que pertencia na época à área geográfica de Patos. Atualmente localiza-se no município de Santa Terezinha. Era filho de Aquilino Coriolano de Medeiros e Dona Maria da Conceição. Sobrinho de Manuel Romualdo da Costa, o “Velho Manduri”, que tinha a característica de ter uma resposta sempre na ponta da língua.

Em 1877, quando Coriolano tinha dois anos, a seca foi a responsável pela transferência da sua família para João Pessoa. Inicialmente, Coriolano estudou numa escola particular de Dona Cecília Cordeiro. Foi também aluno de seu Quitinho e dos prestigiados professores Antônio Ribeiro Guimarães e Manoel Fortunato. Em 1891, no Liceu Paraibano, concluiu o antigo curso de preparatórios. No ano seguinte, matriculou-se na tradicional Faculdade de Direito do Recife, onde cursou até o terceiro ano. Abandonando o curso jurídico, dedicou-se à vida comercial, atividade que exerceu por pouco tempo antes de ingressar no serviço público como funcionário dos antigos Correios (1889-1900). Após exercer várias profissões, em 1905 abraçou o magistério particular, tendo lecionado em várias escolas da capital paraibana.

Coriolano de Medeiros nutriu sempre o desejo de conhecer a terra onde nascera e sua genitora contribuiu muito para isso ao lhe contar belas histórias do Sertão paraibano. Ainda adolescente, visitou a Vila de Patos, oportunidade em que colheu as primeiras impressões sobre a forma de viver do povo sertanejo, que mais tarde seria socializada em seus escritos.

Era ainda muito jovem, quando começou a interessar-se pelas pesquisas históricas. Sócio-fundador do Centro Literário Paraibano (1893) e do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (1905); inclusive, integrou a primeira diretoria desta última instituição, na condição de 2º secretário. Em 1910, Coriolano foi nomeado escriturário da Escola de Aprendizes Artífices, da qual, em 1922, tornou-se seu diretor, cargo em que se aposentou.

Em 1914, através da Imprensa Oficial Estadual, Coriolano deMedeiros publicou o seu primeiro livro, Dicionário Chorographico doEstado da Parahyba. Surgindo em seguida: Do Litoral ao Sertão (contos,1917); O Tesouro da Cega (drama emtrês atos); Mestres que se foram (biografias, 1925); O Barracão (romance, 1930); Manaíra (novela histórica, 1936); A Evolução Social e Histórica de Patos (palestra proferida por ocasião do 150º da criação da Paróquiade Patos, 1938); O Tambiá da Minha Infância! (memórias, 1942), Sampaio (memórias, 1958), além de vários artigos em jornais e revistas.

Jornalista emérito, Coriolano de Medeiros dirigiu as seguintes publicações: A Philippéa (1905); o Jornal do Commercio, o Almanach do Estado da Parahyba (1914) e o GEGHP – Órgão do Gabinete de Estudinhos de Geografia e História da Paraíba (1939). No início da década de 1940, Coriolano se aventurou em atualizar o seu Dicionário Corográfico, debruçando-se sobre os velhos documentos, o que motivou a sua perda da visão.

Sócio-fundador do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano e da Academia Paraibana de Letras, Coriolano deixou inúmeros artigos e estudos, editados que merecem ser enfeixados emuma publicação. Educador, jornalistae historiador, Coriolano de Medeiros deu uma grande e valiosa contribuição à literatura paraibana, o que concorreu para que o Instituto Histórico eGeográfico de Patos o escolhesse para patrono da cadeira nº 4, que tem como sócio-fundador e efetivo Alarcon Messias Leitão. Coriolano de Medeiros faleceu em 25 de abril de 1974.