O campo do ginásio

11 de agosto de 2025 Off Por Funes Patos

O campo do ginásio por José Romildo de Sousa.

Texto extraído da coluna FUNES do Jornal A União publicado na data de 08/08/2025.

 

Com a instalação do Ginásio Diocesano em Patos, no ano de 1937, e com a chegada do Padre Manuel Vieira para dirigi-lo, o setor cultural e esportivo da cidade cresceu de forma substanciosa. Chegando os anos 1950, foi fundado o Esporte Clube de Patos, que deixou de realizar suas atividades — tempos depois — no Campo do Estrela, em virtude da construção, no local do campo, das novas instalações do Departamento Nacional de Estradas de Rodagens. Assim sendo, o desportista Zéu Palmeira manteve entendimento, com o padre Vieira que, além de murar o campo que existia por trás do Ginásio Diocesano e que vinha servindo para a realização da educação física dos alunos do educandário, ainda o disponibilizou de arquibancada (a primeira de todo o Sertão paraibano), dando-lhe condições para treinos e jogos amistosos.

Dentre as características do campo do ginásio, na sua entrada foi colocado o velho portão de ferro que pertencera ao II Batalhão de Polícia, corporação militar que funcionou por muito tempo no local onde o ginásio fora construído. De um lado da arquibancada ficava o “quarto” onde as equipes se trocavam. Do outro, as dependências onde residia o padre Assis. Inclusive, muitos dos jogos ali realizados foram transmitidos dos seus aposentos. Interessante que o grande radialista Edleuson Franco, que era aluno do Diocesano, começou a treinar as transmissões falando num pedaço de tijolo, como se fosse um microfone.

As traves eram colocadas no sentido norte/sul e havia, no lado leste do campo, um grande poço amazonas, um pé de canafístula, a casa de bomba e o cacimbão, que tinha até gente que dizia que lá dentro tinha um jacaré.

O campo do ginásio foi palco de grandes acontecimentos futebolísticos envolvendo o Esporte Clube de Patos, que teve, inclusive, a supremacia de resultados em cima do seu grande rival, o Nacional Atlético Clube. Além disso, o “Terror do Sertão” obteve excelentes resultados ao jogar com equipes do Nordeste: ABC e Potiguar do Rio Grande do Norte, Central de Caruaru, Sport e Vovozinha, ambos do Recife, Ferroviário do Ceará e com times do Rio de Janeiro: São Cristóvão e Portuguesa.

Mas o Nacional Atlético Clube também teve seu momento de glória ao sagrar-se campeão, no ano de 1962, do torneio que onde também participaram Esporte, Santos, América de Esperança, Guarabira Paraíba Clube e a Seleção Campinense. Os jogos foram realizados no Campo do Ginásio e o Nacional foi campeão invicto. Os jogadores foram enfaixados no ano de 1963. Antes das partidas no campo do ginásio existia uma grande disputa entre a meninada, para ver quem carregava o material dos jogadores (chuteiras, calções, meiões e camisetas), o que proporcionava a entrada gratuita ao jogo. Tinham o apelido de “balieiras”.

Muitos são os casos inusitados que aconteceram no campo do ginásio, mas um dos que chama mais a atenção foi o que o árbitro Pedro Correia gostava muito de relembrar. E contava Pedro que num determinado domingo à tarde, após o rio Espinharas ter amanhecido de barreira a barreira, chegando, inclusive, a invadir o campo, apitava ele uma partida de futebol quando notou, numa parte do gramado, uma movimentação estranha. Chegando lá, se deparou com uma traíra que não tinha tamanho. E pense como deu trabalho para a turma pegar a bicha!… Arrematava, assim, Pedro a sua narrativa.

O campo do ginásio foi o primeiro no Sertão a contar com arquibancadas