Cândida Maria: a voz dos festivais que abriu fronteiras

1 de abril de 2024 Off Por Funes Patos

Cândida Maria: a voz dos festivais que abriu fronteiras Por Damião Lucena.

Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 29/03/2024.

 

Cândida Maria Urquiza Rodrigues Meira nasceu em Patos, no dia 29 de agosto de 1951, como filha de José Rodrigues da Silva e Maria da Guia Urquiza Rodrigues, tendo como irmãos: José Rodrigues (Zequinha), António Cândido (gêmeo) Luiz Carlos, Francisco José (Chiquinho), Maria da Conceição, Terezinha, Verónica, Adélia e Luiza de Marilack. Iniciou seus estudos na Escola Dom Fernando Gomes, com sequência no Colégio Cristo Rei, culminando com o superior de Letras, na Fundação Francisco Mascarenhas.

Cândida Maria cantou em diversos festivais no começo dos anos 1970

Ingressou na atividade profissional como professora da Escola Pio XII, da professora Zizinha. Também foi docente do Instituto Vera Cruz, Cristo Rei, atuando no ensino fundamental, antes de assumir a função de telefonista da Telpa Telecomunicações da Paraíba S/A.

Encantou-se pela música durante a apresentação de uns artistas cegos, trazidos para a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia, pelo padre Milton, época em que residia na rua Roldão Meira. Costumava escutar uma empregada doméstica cantar “Foi Deus” e esta canção lhe tornou conhecida pela bela interpretação. Por estes tempos, sua mãe ficou doente, acometida de pneumonia, e ela fora acolhida pelos avós, Francisco Rodrigues da Silva e Maria da Penha, com os quais permaneceu dos três aos 13 anos.

Durante a Festa das Nações, realizada em Patos nos anos 1970, por iniciativa do Lions Club, Cândida se destacou ao representar o fado. O evento se constituía em uma espécie de viagem à Europa, tendo cada país um representante, lhe competindo a defesa de Portugal. Mais tarde, teve a oportunidade de uma apresentação referencial na Praça da Independência, em João Pessoa, por iniciativa do casal Zé Tota e Moema. No 2º Encontro Luso-Brasileiro representou o Clube da Melhor Idade Aurora da Vida, da nossa cidade.

Em 1971, por indicação de Virgílio Trindade, que a tratava de Candinha, foi convidada, por António Emiliano, para
defender a música “Patos dos meus tempos”, durante o Festival de Música Popular, realizado no Cine Eldorado culminando com sua vitória e a escolha como melhor intérprete. Enquanto acompanhava, assiduamente, o programa Astro em Desfile, com várias participações, era estimulada pela irmã Priscila, do Colégio Cristo Rei, estímulos que acabaram contribuindo para a gravação da composição que por pouco não se transformou no hino de Patos, referenciando características locais e figuras de destaque, como a professorinha Antonieta. Foi quando se dirigiu a Recife e assinalou sua desenvoltura artística na Gravadora Rosemblit.

Ainda no Festival de Música Popular Patoense, conheceu aquele que seria o seu futuro esposo, José da Penha Fernandes Meira, com o qual casou em 1975, resultando no nascimento de quatro filhos: Kaline, Kaliane, Wendel e Ulisses. O enlace matrimonial criou uma certa inibição artística, época em que o machismo imperava e, mesmo voltadas à proteção, algumas limitações lhe eram impostas, em tom de apelos, pelo companheiro, que chegava a declarar: “Eu morrer, você pode cantar. Seu Zé lá no túmulo e você no palco”. Participou, ativamente, das atividades do marido, que tinha a contabilidade como profissão e a política como opção, chegando a comandar a linha de frente de sua campanha para vereador, mandato exercido durante o governo de Rivaldo Medeiros. Ele que, no período eleitoral que elegeu Aderbal Martins, foi vítima do estouro de uma bomba, com várias escoriações, perdendo dois dedos.

Como produtora cultural, em parceria com a irmã Verónica, promoveu a Festa Portuguesa, em Patos, com iniciativa do tipo também em João Pessoa e, para marcar território no exterior, apresentou- se em Coimbra, na Tasca Quebra Galho com a Fadista Felipa, interpretando “Saudades do Brasil em Portugal” (Vinicius de Moraes) além da conhecida composição “Nem às paredes confesso”.

Em 2012, transferiu-se para a capital do estado, para tratar da saúde do esposo, Zé da Penha, acometido de enfisema pulmonar, que faleceu em 2013, aos 63 anos, ele que nasceu em 16 de Junho de 1950.