O painel da Cruz da Menina

O painel da Cruz da Menina

7 de novembro de 2022 Off Por funes

O painel da Cruz da Menina por José Romildo de Sousa.

Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 12/08/2022.

No dia 27 de maio de 1973, a cidade de Patos foi contemplada com a inauguração do Fórum Miguel Sátyro, localizado no terreno onde existiu o antigo prédio do Grupo Escolar Rio Branco. Com uma es- trutura de mil metros quadrados, sediou também o Banco do Estado da Paraíba S/A (Paraiban) e todos os cartórios da Comarca, além de um salão destinado à realização do júri denominado de Sala Napoleão Nóbrega, onde se encontra um belíssimo painel pintado por Flávio Tavares, em estilo óleo sobre madeira, medindo 2m de altura por 6,4m de comprimento, intitulado A Cruz da Menina.

Se espelhando no painel de Flávio Tavares, o escritor Octácilio Nóbrega de Queiroz, no Jornal da Paraíba, assim se manifestou: “O que iremos ver ali é todo um vasto sim- bolismo em cores vibrantes e rostos não o reconhece não se enxerga. Nega-se a face ao diverso de profunda identificação ao ambiente humano dos sertões, estes, no entanto, com expressão de uma juventude melancólica ao lado de uma Justiça com cara de linda morena, expressão típica e pura daquele povo, a empunhar a balança de Minerva com conchas que são simples tigelas de barro e moldes da terra. Um dragão hiante, a deitar entre dentes o fogo das entranhas, aves de rapina e uma multidão que se debruça ou foge, camponeses, vaqueiros, beatos sobre o corpo da menina morta”.

O painel de Flávio Tavares é considerado um dos mais importantes elementos que integram o patrimô- nio imaterial da cidade e que precitros que aqui existem, ser protegido através de uma propositura criada pela Câmara de Vereadores, baseada em uma legislação pertinente, onde a edilidade tenha a sua disposição instrumentos disponíveis para garantir a preservação das estruturas que contam a evolução histórica do município.

Para se ter uma ideia, ao longo dos anos, a cidade de Patos vem perdendo o seu patrimônio histórico-cultural, são prédios demolidos sem a devida permissão dos órgãos competentes; monumentos que registram fatos importantes da his- tória, desgastados pelo tempo e es- quecidos pelo poder público. É tão preocupante a situação que em Parodroviária é tombado e as igrejas Conceição e Catedral, o Parque Cruz da Menina e o Palácio Clóvis Sátyro são cadastrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep) e que há muito tempo já deveriam ter sidos tombados, para adquirirem uma maior proteção.

Patos é a “nossa” cidade! Nós temos o dever de cuidá-la, prestigiando sua arquitetura e as suas formas artísticas.

Diante deste contexto, esperamos também que os candidatos coloquem nos seus Planos de Governo medidas preservacionistas que venham realmente valorizar o patrimônio material e imaterial da “Morada do Sol”.