Patos e os seus artistas plásticos

23 de março de 2022 Off Por funes

Patos e os seus artistas plásticos por José Romildo de Sousa

 

Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 13/08/2021 .

 

A cidade de Patos sempre foi um grande celeiro de artistas ligados às artes plásticas. E assim, quando enveredamos por este importante segmento da atividade humana, lembramos logo de Perigo Neto, Marcos Meira Cesar, Rilton Meira, Murilo Santos, Júnior Misaki, Mário Leitão, Fran Lima, Gustavo de França, José Carlos, Rafaella Ryon, Polion Santos e tantos outros que deram sua contribuição ao tempo em que através dos seus trabalhos ilustraram inúmeras publicações, produzindo telas e esculturas que ornamentam artisticamente residências, instituições públicas e privadas.

Dentre esses “iluminados”, não poderíamos deixar de lembrar também de Wilson Figueiredo da Silva, desenhista, pintor e escultor, nascido na cidade de Patos, em 5 de junho de 1949. Filho de Laurentino Pereira da Silva e Severina Figueiredo da Silva, que se transferiu para João Pessoa no ano de 1973, onde se tornou profissional no desenho técnico (edificações) e que trabalhou por mais de 20 anos na antiga Saelpa, atual Energisa, na área de diretoria técnica, ilustrando os desenhos de normas técnicas do projeto monofásico que atendia às zonas rurais. Casado com Maria de Fátima Nóbrega Figueiredo, Wilson é pai de Diego e Emilly.

Aposentado em 1998, Wilson ingressou no curso de pintura no Centro de Artes Visuais da Paraíba e daí começou a sua procura, tentando encontrar uma nova técnica para realização dos seus trabalhos artísticos. Wilson conta que seu primeiro trabalho com arame foi uma natureza morta, que consistia em uma tábua de carne contendo um peixe, um tomate cortado ao meio e uma peixeira. “Manipulando a peça, obtive sombra através da incidência da luz. Vi a projeção do desenho e decidi colocá-lo em um suporte”.

Começou então a aperfeiçoar a inovação. Seu processo de criação compõe-se do surgimento da ideia sob a forma de rabisco, sendo depois colocado em um desenho mais aprimorado. Após este passo, o mesmo é ampliado no tamanho desejado e aí sim, dá-se início à execução do desenho em arame, para finalmente ser arrematado com tinta automotiva. Desde sua primeira exposição individual em 2006, com o título Vivificante, no Casarão dos Azulejos, Wilson Figueiredo segue aperfeiçoando sua técnica e vai colhendo os frutos do diferencial de seu belíssimo trabalho. Em sua carreira artística, constam 17 exposições individuais e 62 coletivas em João Pessoa e outras cidades da Paraíba, e também em Brasília (DF), na Câmara dos Deputados e no Rio de Janeiro, no Centro Cultural dos Correios.

A artista plástica e responsável pela Divisão de Artes Plásticas da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), Lúcia França, classifica a obra de Wilson Figueiredo como poesia visual. Segundo a mesma, “o desenho se multiplica sobre a tela, nos remete ao cotidiano, traz em sua essência nossa identidade cultural… O seu desenho nos salta aos olhos, como se o artista quisesse reafirmar sua visão sobre seus temas. São caminhos e costumes da nossa gente. É sem dúvida, o poeta dos arames.” Muito importante para Wilson Figueiredo, foi ser agraciado em março de 2015, com o título de Chevalier Académicien da Mondial Art Academia da França, ao ocupar a Cadeira de nº 116, o que lhe outorgou o direito de ser chamado de Mestre.

 Para que a homenagem fosse prestada as obras de Wilson foram analisadas por uma comissão Internacional da Mondial Art. Sobre esse reconhecimento Wilson comentou que sempre acreditou na força do trabalho e na paixão pela arte e concluiu dizendo: “Foi de muita alegria receber a comunicação de que meus trabalhos foram apreciados e aceitos tornando-me oficialmente Imortal, ocupando a cadeira número 116 e com o direito de ser chamado de Mestre”.

Nos últimos anos, Wilson vem realizando novas experiências com esculturas em chapas de ferro e parafusos, com várias obras instaladas em prédios e logradouros da cidade. Participou do I Festival Municipal de Escultura Pública homenageando o escultor paraibano Jackson Ribeiro no ano 2010, sendo classificado e premiado com a obra Cavaleiro Alado, medindo quatro metros de altura, instalada na rotatória em frente ao Centro de Tecnologia na UFPB. No ano de 2018, o renomado artista plástico patoense realizou no Centro de Turismo e Lazer (Sesc), Cabo Branco, em João Pessoa, uma exposição onde registrou os seus 12 anos de atividades, abordando as três fases de sua carreira artística: tela com arame, esculturas em chapas de ferro e ferro reciclado.

Ao todo foram 32 peças expostas, entre originais e versões reduzidas das obras de tamanho grande que estão espalhadas por toda capital do Estado. Seus trabalhos também estão registrados no livro que tem como título Wilson – Mutação Artística, que foi lançado na abertura da exposição e que conta toda a sua trajetória artística, através de belíssimas fotografias. Ciente do importante trabalho que vem realizando, Wilson Figueiredo se sente imensamente gratificado com a trajetória e chegou a declarou: “Sinto uma grande alegria, como paraibano da cidade de Patos, ter hoje seis das minhas esculturas públicas catalogadas no MuBe Virtual (Museu Brasileiro de Esculturas)”.