Ernani Sátyro e o romance, muitos anos depois

22 de março de 2022 Off Por funes

Ernani Sátyro e o romance, muitos anos depois por Silvio Ferreira.

Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data  de 12/03/2021.

O Sertão conta muitas histórias, e essa que passo a transcrever tem início no século passado, nos idos de 1911, no município de Patos, Estado da Paraíba, e trata-se de Ernani Sátyro, patrono que dá o seu nome à fundação sediada na sua cidade natal. Da pequena cidade, surge um grande letrado, que inicia a sua extensa trajetória política e cultural, na Faculdade de Direito do Recife, em 1933. No ano seguinte, chega ao Poder Legislativo em seu primeiro mandato. Ele estava diante de um grande desafio, fôra eleito para compor a Assembleia Estadual Constituinte, que elaborou o texto constitucional paraibano de 1935. Dedicou-se também a advocacia, foi prefeito de João Pessoa em 1940, em um momento histórico e agitado, com a queda de Argemiro de Figueiredo, de quem era correligionário. Com a chegada da redemocratização do país, torna-se deputado constituinte.

Durante seis oportunidades exerceu o mandato de deputado federal. Foi ministro do Superior Tribunal Militar até o momento em que decide retornar ao seu Estado, para pleitear o cargo máximo do Executivo estadual, tomando posse em 1971. Como governador se destaca como um governo de obras em todo o Estado, que ainda hoje estão no patrimônio e no serviço dos paraibanos, dentre essas obras, cabe ressaltar:

O Centro Administrativo em Jaguaribe, sede própria da Assembleia Legislativa, estádios de futebol e as centrais de abastecimento de João Pessoa e Campina Grande, Quartel de Bombeiros da capital, conclusão do Hotel Tambaú e tantas outras pelo interior. Firme nas suas ideias e com um viés literário que fez do homem Ernani Sátyro um imortal das letras.

Na década de 1950, inicia uma intensa atividade literária, publicando numerosos ensaios em suplementos literários de jornais cariocas, notadamente, a Tribuna de Imprensa e o Diário de Notícias. No Diário de Notícias de 1954, Temístocles Linhares dizia que existiam deputados e deputados romancistas. A distinção talvez já esteja se acusando entre nós, tamanho é o número de escritores que passaram pelo nosso Parlamento. Se algumas vocações têm sido reveladas, está se criando ali um tipo de escritor que lhe é inerente: o deputado que também é um romancista.

O romance nordestino foi, antes de tudo, um panorama de uma realidade, de um cenário. Quase sempre rural, mas também urbano. Suas inspirações foram sempre a sua cidade, que ensinou o garoto Ernani a escrever, e depois ele ensina a Paraíba e o Nordeste a gostar de ler seus romances e contos, eternizando um imortal.