Firmino Ayres Leite (2)
25 de novembro de 2024Firmino Ayres Leite (2) Por José Ozildo dos Santos.
Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 22/11/2024.
Ainda em finais de 1930, pouco tempo após deixar a Prefeitura de Patos, o dr. Firmino Ayres estabeleceu-se com consultório médico na cidade de Piancó, em cujo município era proprietário rural e possuía números familiares e amigos. Ali, com zelo e dedicação, exerceu suas atividades profissionais por mais de 20 anos, galgando fama, respeito e aceitação popular, entre seus conterrâneos.
Administrador probo e de reconhecido caráter como homem público, durante a interventoria do dr. Argemiro de Figueiredo, assumiu a prefeitura do município de Piancó. Administrou aquela cidade no período de março a agosto de 1940, exonerando-se do referido cargo logo após a queda daquele eminente gestor e estadista. Em 1947, a convite do engenheiro Estevam Marinho, aceitou a direção do hospital do Dnocs, em Coremas, no Alto Sertão paraibano. Ali, por seus esforços e dedicação contínuos, foi construída uma maternidade pública, que foi a primeira em toda a região. No exercício das referidas funções, o dr. Firmino Ayres permaneceu por 14 anos. Em 1961, transferiu-se para João Pessoa, onde assumiu a chefia do Serviço Médico do 2o distrito do Dnocs, aposentando-se 11 anos mais tarde.
Em João Pessoa, onde residiu os últimos anos de sua produtiva vida, faleceu aos 26 de agosto de 1981, deixando viúva a senhora Áurea de Sá Leite, de cuja união nasceram os seguintes filhos: Edvaldo de Sá Leite eito), Erivan Leite Gonzales (professora), Enilda Leite Urquiza (casada com o dr. José Antônio Urquiza), Ernani de Sá Leite e Eneida Leite Lisboa, todos com descendência. Seu corpo, acompanhado de grande número de populares, familiares e amigos, foi conduzido para o Cemitério do Senhor da Boa Sentença, naquela capital, onde foi sepultado na tarde do dia seguinte.
A poesia esteve sempre presente na vida de Firmino Ayres Leite. Parte de sua produção poética foi reunida num livro de sonetos, sob o título Mugidos e Aboios, o qual pretendia publicar, falecendo antes de realizar esse seu desejo. Entretanto, em finais de 1990, o referido livro veio à lume, por iniciativa de seus filhos.
Abaixo, a poesia “O homem e a árvore”, presente no livro Mugidos e Aboios:
Andrajoso e faminto, o retirante deita
Junto ao tronco rugoso, em busca de
agasalho.
Apenas lhe protege o corpo a sombra estreita
Da árvore desnuda, espectro de galho.
Olhar em desalento, em derredor espreita
A mão que favoreça, a mão que dê
trabalho,
Mas enquanto, a suar, junto ao tronco se ajeita,
Cada vulto que passa é lúgubre espantalho.
De repente escutou, em alucinações,
Partida da raiz tostada de sol rubro,
A portentosa voz de árvore que diz:
“Não percas nunca a crença neste
solo, irmão,
Quando o inverno tornar, de folhas
eu me cubro,
Terás labor e pão, serás rico e feliz”.