O legado intelectual do padre Manoel Otaviano de Moura

27 de março de 2023 Off Por funes

O legado intelectual do padre Manoel Otaviano de Moura  por Silvio Darlan.

Texto extraído da coluna Funes do Jornal a União publicado na data de 26/03/2023.

Manoel Otaviano de Moura Lima nasceu na Zona Rural de Conceição (PB), nas adjacências que hoje compõe o município de Ibiara (PB), em 27 de abril de 1880, falecendo na cidade de Piancó (PB), em 11 de abril de 1960.

Sua origem modesta foi evidenciada em suas obras literárias, o homem que se tornou um dos maiores intelectuais de sua época. Foi alfabetizado por sua mãe e só conseguiu iniciar aos 20 anos de idade o curso secundário, ainda no Seminário da Paraíba.

Reconhecido pelo seu dinamismo, padre Manoel Otavianode Moura conciliava as atividades clericais com a política e o magistério

Reconhecido pelo seu dinamismo, padre Manoel Otaviano
de Moura conciliava as atividades clericais com a política e o magistério

Ordenou-se padre no dia de Natal, em 25 de dezembro de 1910, no Seminário de Teresina, capital do estado do Piauí, retornando à Paraíba a fim de exercer o ministério sacerdotal, sendo designado Vigário de Brejo do Cruz, onde, em seguida, foi transferido para as cidades de Catolé do Rocha, Conceição e Piancó, todas situadas no Sertão da Paraíba.

Reconhecido pelo seu dinamismo, conciliava as atividades clericais com a política e o magistério. Destacou-se escrevendo em jornais do estado, onde suas crônicas apresentavam o Sertão e suas características mais marcantes, evidenciando as suas habilidades literárias.

Publicou diversos romances e peças teatrais que eram encenadas em teatros da Paraíba. Na política, atuou como deputado estadual na Primeira República. Era membro da Academia Paraibana de Letras (APL), onde tomou posse em 25 de agosto de 1945 para ocupar a cadeira de número 29, cujo patrono é José Rodrigues de Carvalho, sendo saudado pelo acadêmico Horácio de Almeida.

Deixou uma produção literária pequena, porém, de valor cultural imensurável, sendo que a sua obra de maior importância foi o trabalho sobre a morte do padre Aristides, em um período político turbulento em todo o país com a Coluna Prestes. Esse livro foi intitulado como Os Mártires de Piancó.

Obras como Emboscada do destino (romance), O chefe político, Curvas do destino; Frente ao passado; Mestre mundo e Tomaz Cajueiro apresentaram ao Brasil um talento ainda pouco explorado pela literatura nacional. Uma de suas características mais marcantes era a sua preocupação com a preservação memorial do Sertão, sendo responsável pela documentação histórica da cidade de Piancó, quando foi designado para presidir a Paróquia de Conceição (PB), publicando a obra Conceição e Ibiara. Anos mais tarde, se torna membro também do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba (IHGP).

Poeta, pertenceu à escola dos versos sentidos e ninguém mais do que ele festejou em estrofes os encantos e as belezas do nosso Sertão que ele amava extremamente. A notícia do seu falecimento repercutiu na capital federal. No Senado da República, durante cerimônia de homenagem póstuma, Salviano Leite Rolim, do PSD da Paraíba, destacou a sua importância política, aparteado pelo Senador Argemiro de Figueiredo que pontuou a necessidade de se registrar nos anais da Casa Legislativa, o legado intelectual do padre Manoel Otaviano.